POR LÍVIO DI ARAÚJO
O que tinha tudo para tornar a paraibana Aidê Araújo uma mulher amargurada se transformou em doação e amor ao próximo. Aos 75 anos, Dona Aidê segue realizando o que prometeu a filha, pouco antes da sua morte: continuar fazendo o trabalho social que era realizado. E avisa: “Farei até morrer. E quando eu morrer, peço que meus filhos continuem fazendo”. Mensalmente, Dona Aidê distribui alimentos, roupas, sapatos e móveis às pessoas menos favorecidas na região de Ceilândia, Sol Nascente e Pôr do Sol. “Onde tem buraco eu vou”, brinca. As doações, ela recolhe com amigos, familiares, voluntários e empresários da cidade. Ela mantém tudo organizado: uma lista com nome, endereço e telefone das pessoas que necessitam das doações. “Em dezembro foram 420 cestas que entreguei. Este mês tem mais, já estou separando as doações para entregar”, conta.
Nos dias programados para as doações, é preciso organizar fila com senha. Além, dos alimentos, quem vai até o Instituto Aidê Araújo – que funciona na sua própria residência -, também ganha café da manhã. O que falta para completar o número de doações, é ela e os outros filhos que compram. “Às vezes conseguimos doar 200 cestas, outros meses, 300”. Aidê dirige, ainda, o Conselho Pró-Ceilândia, que ela criou há mais de 30 anos e que muito já fez pela cidade. Afinal, muitas das conquistas da região se deve graças ao empenho de Aidê que vai atrás e faz a ponte com os órgãos públicos. “Me mudei para Ceilândia há 45 anos e nem vontade eu tenho de sair daqui. A vontade que eu tenho? Hoje? (pausa) Vontade de fazer mais, de ajudar mais, de cumprir o que prometi para minha filha”, diz.