POR LÍVIO DI ARAÚJO
Goiana de nascimento, mas brasiliense de coração. Assim se descreve a bailarina profissional Kátia Moraes que diz orgulhosa: “Moro há 30 anos nesta cidade e isso é a realização de um sonho”. Hoje com 54 anos, Kátia é a criadora do Projeto Dançar é Arte, uma ONG que ensina a dança para centenas de crianças e jovens de cidades menos favorecidas do Distrito Federal. “É uma forma de retribuir tudo o que a vida fez por mim. Fui bolsista a minha vida toda”, conta.
A bailarina conta que sempre sonhou em morar em Brasília, desde criança. “Cheguei a mandar uma carta para o então presidente [João batista] Figueiredo pedindo uma bolsa para estudar aqui. Não consegui”, lembra. Aos 12 anos, já dava aulas de balé em Goiânia. De lá, foi para Rondônia, onde era primeira bailarina do Estado. “Quando me casei, eu e meu marido viemos morar aqui”. Kátia tem dois filhos brasilienses: uma nutricionista e um dentista.
Há 20 anos montou a ONG. O Dançar é Arte já levou a dança para a vida de mais de 800 crianças e jovens de várias comunidades carentes do DF como varjão, Paranoá, Estrutural, Recanto das Emas e Planaltina. Atualmente, a lista de espera para conseguir uma vaga no projeto é de mais de 2.000 crianças.
O trabalho de Kátia e de diversos professores é voluntário e o centro Cultural é mantido com a venda de pizzas e do artesanato feito pela própria bailarina.
O projeto já enviou dois bailarinos para o Bolshoi Ballet e contará com um professor do grupo russo na nova turma que está iniciando, a partir de março.
De todas as conquistas, Kátia conta orgulhosa: “Tudo o que consegui foi vendendo pizza. Vendo até hoje”. E afirma que “Brasília é a cidade das oportunidades”. “Amo essa cidade. Aqui eu venci. Aliás, não vence em Brasília apenas quem não quer. Todas as oportunidades estão aqui”, conclui a bailarina.